Bem vindos ao meu canto criativo. Não poder me expressar é quase sinônimo de não poder respirar.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

MEIA IDADE

Acordei no meio da vida

Mal vivida

Um pouco contida

Mas ainda assim, minha vida


Acordei de forma brusca

Com um soco no coração

Um velho refrão

De supetão

Me lancei na busca

Um pouco perdida

Mas ainda assim, minha vida


Os muros desmoronaram

Os sonhos se afastaram

Os amores falharam

As rugas visitaram

Mas o corpo seguiu rugindo

A alma rindo

Os motivos sumindo

Tive uma recaída

Mas ainda assim, minha vida


Encontrei algo espiritual

Mas também algo banal

Algo novo e algo igual

Um dança coloquial 

Cores descombinando

O cabelo voando

A maquiagem escorrendo

Vivendo e aprendendo

Uma grande sacudida

Mas ainda assim, minha vida


Nao era o planejado

Como se algo deu errado

Nao era o da revista

Nao estava prevista

Mas ainda assim, uma conquista

Eu sou eu, mas diferente

O extremo e equivalente

Um grego presente

Uma distraída

Mas ainda assim, minha vida


Muito coisa aprendi

E desaprendi

A respirar com mais amor

A dormir com mais carinho

Um falar mais genuino

Uma convivência com a dor 

Sem terror

Um apego pela liberdade

De ser eu, ser minha

Um desapegado pela mascara

Que eu antes tinha

Um desejo de não desejar

Apenas observar

Uma vontade de não querer

Apenas ser

Um risco sem saída

Mas ainda assim, minha vida

…Minha vida


quinta-feira, 8 de agosto de 2024

BURACO

 Existe um buraco entre o peito

Que não sente direito

Que sempre encontra um defeito

E não descansa no leito

 

O buraco é invisível

Mas alguém o cavou

Alguém te magoou

Abandonou

E foi imprevisível

Até inadmissível

 

Não deu tempo de se preparar

Para colocar algo no lugar

Self-help ou outro hobby

É impossível de enganar

Simplesmente apareceu

E você não mereceu

Mas o buraco agora é seu

 

Você pode decorar de flores

Ou de dores

Você pode fazer a cama

Ou rolar na lama

Não existe regra ou solução

Apenas um buracão

Um vazio temporário

Um espaço no armário

Que foi esvaziado

Roubado e dilapidado

Mal amado


Às vezes você escala um pouco

E vê um por do sol

Mas sem sentir o calor

Um sentimento louco

Às vezes você é um zumbi

Esquece que pode rir

Fica dentro de si

 

O buraco não é sua vida

Apenas uma estação

Um dor incabida

Dentro do coração

Um tempo de luto

E introspecção

 

Dê o tempo ao tempo

Lembre-se de outros momentos

Outros buracos

... Que hoje são refugio

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

ORFÃ

 Hoje acordei órfã 

Sem mãe nem pai 

Sem lar sem par 

Sem centro ou fim 

Apenas eu 

 

Tentei lembrar-me de mais

De amor e paz

De colo e aconchego

Beijo na testa

Bolo na festa

Mas fui incapaz

Foi ineficaz

 

Lembrei-me de sombras

Mentiras e fantasias

Fuga e choro

Indiferença

Invisibilidade

Mera existência

Uma memória cinza

Sem cor

Com pouco amor

 

Lembrei-me de moradias

Casas, calçadas e beliches

Água gelada, fetiches

Seres doentes na mente

Medo constante e eminente

Um jogo de sobrevivência

Uma efêmera existência

Um buraco escuro no fundo do baú

 

Uns vivem nas memorias

De dias alegres e inocentes

Torrada, geleia e presentes

Calor e cuidado

Sono sossegado

Comida e carinho

De ter um ninho

De mãe e pai

beijo de boa noite

 

Eu vasculho meu universo

Por túneis empoeirados

Lugares mal amados

Buscando os armários

Onde me escondia

No universo paralelo

De tudo que é singelo

Que outros enxergam como banal

Como apenas um dia

 

Ser órfã é um estado

Algo físico e pesado

Mesmo rodeada de entes

Continuo ausente


O que não foi nunca será

Mas o que é sou eu

Mesmo invisível, existo

E persisto

 

Eu lembro-me de mim

Meus pensamentos

Meus anseios

Minhas verdades

Nenhuma maldade

Pois como posso errar

Se ninguém pôde me ensinar?

 

Eu respiro vida, não memorias.

Respiro hoje, não ontem.

Amanha é mágico, novas histórias ...

Talvez não desapontem.

quinta-feira, 19 de março de 2020

ISOLAMENTO


A mesma cama, o mesmo lençol e sofá.
O alarme maldito que deixou de tocar.
Um almoço, um lanche, um jantar.

Não sei que horas são e nessas horas não importa.
Horas? Que tal dias? Encarando a porta.
Tanta vida presa, este apartamento comporta.

Dirigir... ah dirigir. Até mesmo fugir.
Só o pensamento me faz sorrir.
Mas a pergunta é: Para onde ir?

Lugar remoto. Que tal China?
Sinceramente, estou mais segura na esquina.
O inimigo invisível se esconde na neblina.

O perigo sempre foi fácil de ver.
Eu corro me escondo. Eu finjo não crer.
Ignoro se não há nada que se possa fazer.

Se tudo desmorona, eu corro na praia
Pego o carro e vou para gandaia.
Lugares abertos. É minha laia.

Mas grades? E portas? Por acaso sou culpado?
Pelo que me lembro, não fiz nada de errado.
Tudo que quero são pessoas do meu lado.

Silencio e ruído? Um eterno zumbido.
Se eu pudesse, já teria sumido.
Furtaram minha liberdade igual bandido.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

FELIZ?

Logo serei feliz
Feliz? Não sou feliz já?
Tenho amor e carinho
Um lar como um ninho
O que faltará?

Eu digo, o espaço
Sem estática e violência
A forçada dormência
que me força a segurar
para não chorar

Quando vier o espaço
A respiração sem ressalvas
A paz que me salva
Sentirei... e saberei
Que sou feliz
Mas precisava de espaço

Para sentir a felicidade

De verdade

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

NINHO

Ninho, ninho
Tão precário
No topo do pino
No começo do verão
Na estação de tormentas
Mas o ninho aguenta

O vento sacode
A brisa sopra
Tanto faz para o ninho
Ele dança do mesmo jeito
e não encontra nenhum defeito

Chega Natal, Ano Novo ou Aniversário
Tanto faz para o ninho,
Todo dia é dia de canto
De voo, de descanso

De todos os lugares para fazer seu ninho
Escolheste o topo do pino
Um pino magro, desfolhado
Altamente desprotegido
Por que? Querido pássaro?

Decerto, pela altura
Pela distância, não pela abastança
Perigo há em qualquer lugar
Mas não esta vista, este sentimento de afastamento
Esta paz que vem por estar tão perto do céu

O ambiente te protege
E se chegar tua hora, será bela

Ninho, ninho; como te quero.
Te prezo com carinho.

Você é meu herói. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

King of Prepositions

In the midst of the silence
On the top of the hour
At the end of the sentence
With a pinch of irony
From the corner of the land
Into the center of my anger
Without any scruples
Under blankets of protection
Outside the realm of my safe spot
Near the unanswerable questions
Over layers of damaged goods
Behind the cover of darkness
Between forces past and present
Following many fingers typing
Around fountains of evasiveness
Before thought can be of service
After words become enigma
Beneath rubbles of constructed peace
Against most odds, oddly enough
…. There you are
King of all prepositions
Never repeating a word
Never forgetting a sentence
Never answering questions

But not saying never… just not saying anything at all