Bem vindos ao meu canto criativo. Não poder me expressar é quase sinônimo de não poder respirar.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Orfã

 Hoje acordei órfã 

Sem mãe nem pai 

Sem lar sem par 

Sem centro ou fim 

Apenas eu 

 

Tentei lembrar-me de mais

De amor e paz

De colo e aconchego

Beijo na testa

Bolo na festa

Mas foi ineficaz

 

Lembrei-me de sombras

Mentiras e fantasias

Fuga e choro

Indiferença

Invisibilidade

Existência

Uma memória cinza

Sem cor

Com pouco amor

 

Lembrei-me de moradias

Casas, calçadas e beliches

Água gelada, fetiches

Seres doentes na mente

Medo constante e eminente

Um jogo de sobrevivência

Uma efêmera existência

Um buraco escuro no fundo do baú

 

Uns vivem nas memorias

De dias alegres Inocentes

Torrada e presentes

Calor e cuidado

Sono sossegado

Comida e carinho

De ter um ninho

De mãe e pai

beijo de boa noite

 

Eu vasculho meu universo

Por tuneis empoeirados

Lugares mal amados

Buscando os armários

Onde me escondia

No universo paralelo

De tudo que é singelo

Que outros enxergam como banal

Como apenas um dia

 

Ser órfã é um estado

Algo físico e pesado

Mesmo rodeada de entes

Continuo ausente

 O que não foi nunca será

Mas o que é sou eu

Mesmo invisível, existo

E persisto

 

Eu lembro-me de mim

Meus pensamentos

Meus anseios

Minhas verdades

Nenhuma maldade

Pois como posso errar

Se ninguém pôde me ensinar?

 

Eu respiro vida, não memorias.

Respiro hoje, não ontem.

Amanha é mágico, novas histórias ...

Talvez não desapontem.

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